Paraíba

Rômulo Polari analisa em artigo no WSCOM a Paraíba do novo governo João Azevêdo; confira

Segundo Polari, o primeiro desafio é superar os efeitos advindos da crise econômica nacional criando bases ao desenvolvimento estadual


10/01/2019

O ex-Reitor da UFPB, professor Rômulo Soares Polari



O Professor e ex-Reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Rômulo Polari, analisa, nesta quinta-feira (10), em seu novo artigo, a Paraíba no novo governo João Azevêdo. Segundo Polari, o primeiro desafio é superar os efeitos advindos da crise econômica nacional criando bases ao desenvolvimento estadual.

 

Ainda de acordo com o ex-Reitor da UFPB, as políticas devem ser inovadoras, tanto na economia, como na infraestrutura e serviços sociais. Existem ainda boas oportunidades para aproveitar no turismo, indústria, agropecuária e serviços criativos.

 

Três ações estratégicas se destacam: expansão e eficiência do setor produtivo; interiorização do desenvolvimento e universalização da educação básica de qualidade. Já o PIB da Paraíba foi o terceiro que mais cresceu no Nordeste, de 2011 a 2018. Em 2019 poderá crescer 3,5%, a maior taxa entre os estados da Região. O papel do novo governo será fundamental para tanto.

 

Confira na íntegra:

 

PARAÍBA 2019-2022: DA RECUPERAÇÃO AO DESENVOLVIMENTO

Rômulo Soares Polari
Professor e Ex-Reitor da UFPB

 

João Azevêdo vai governar uma Paraíba que acumulou avanços de peso, nos anos 2011-18. Isso é bom. O Estado saiu de mais de uma década de involução socioeconômica relativa, no contexto nordestino. Mas, não vai ser fácil, levar esse feito adiante.

 

A qualidade e eficiência da gestão do governo Ricardo Coutinho foram muito importantes para o bom desempenho da economia paraibana. Falta, porém, muito a fazer para que a Paraíba assuma a posição de destaque regional que pode ter.

 

A crise de 2015-18 legou graves problemas às regiões e estados do país, especialmente do Nordeste. A Paraíba foi muito afetada e deve priorizar a luta pela recuperação. Mas isso deve ser feito integrado a uma concepção mais ampla do desenvolvimento estadual.

 

Nos anos 2019-2022, o Brasil tende ao crescimento econômico acelerado, de 2% a 4% a.a. O governo federal não pode desperdiçar essa possibilidade. Isso é fundamental para que os estados pobres tenham ações desenvolvimentistas mais ousadas e exequíveis.

 

De 2011 a 2018, o crescimento do PIB da PB, 14,4%, foi terceiro maior no Nordeste. O PIB nacional cresceu 4,9% e o regional 7,6%. O resultado teria sido melhor, sem a crise dos últimos quatro anos, que fez o PIB paraibano cair 4,6%, o brasileiro 4,4% e o nordestino 5,2%.

 

Em 2018, o PIB da PB recuperou a posição de quinto maior da Região. Em 1995 era o quarto, e superava o PIB do MA, em 5%, e o do R.G.N, em 13%. Em 2010 os PIB desses dois estados tornaram-se superiores ao da Paraíba em, respectivamente, 38% e 8%.

 

A Paraíba precisa elevar os pesos das Indústria (17%) e Agropecuária (3,5%), e depender menos da atuação dos órgãos públicos (33%), na geração do PIB; modernizar a infraestrutura (porto, aeroporto, ferrovia, saneamento, etc.) e universalizar a educação básica de qualidade.

 

É imprescindível interiorizar o desenvolvimento às regiões do Sertão e Borborema, que representam 67% do território e 30% da população e detêm apenas 20% do PIB estadual. Urge aproveitar as oportunidades econômicas em todo o Estado.

 

Impõem-se duas ações estratégicas de curto a médio prazo: a) implantação de um moderno setor primário no Sertão, nas áreas dotadas de condições adequados de solos e água e b) criação de um complexo de produção mineral/agroindustrial na região da Borborema.

 

Há, na Paraíba, notório subaproveitamento do potencial turístico, hoteleiro e dos serviços tecnológicos e criativos. Agora é a vez do Polo Turístico do Cabo Branco, das praias e cadeia dos negócios econômico-culturais e artísticos, com base no patrimônio histórico estadual.

 

O novo governo deve ter políticas industriais inovadoras e de revitalização dos Distritos Industriais. Os incentivos devem dar ênfase à modernização tecnológica e organizacional de micro, pequenas e médias empresas, com vistas à produtividade, e atração de novos empreendimentos.

 

O desenvolvimento da Paraíba exige uma maior integração científica e tecnológica das UFPB, UFCG, UEPB e IFPB. Essas universidades têm cerca de 3.800 professores doutores e orçamento total da ordem de R$ 4 bilhões/ano, além laboratórios dos mais qualificados do país.

 

As políticas públicas devem ver na educação a base da prosperidade, na saúde a essência da qualidade de vida e na segurança o primordial ao bem-estar. Os nossos indicadores sociais não estão entre os melhores do Nordeste. Houve avanços, mas precisam melhorar muito mais.

 

A Paraíba deve inovar nas políticas e ações governamentais. Assim exigirão os novos desafios econômicos, sociais e políticos do país, de 2019 a 2022. A reconhecida capacidade gestora de João Azevêdo o levará à adoção dessa estratégia. Isso será indispensável ao papel do seu governo no crescimento de 3,5% do PIB da PB, em 2019, o maior esperado entre os estados nordestinos.



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