Economia & Negócios

Revista NORDESTE aborda expansão do mercado de Tecnologia da Informação

MERCADO DE TRABALHO


05/05/2017

Por Pedro Callado

A humanidade hoje está cada vez mais conectada. Qualquer empresa, mesmo que pequena, tem acesso à internet e faz uso disso para otimizar o seu trabalho de alguma forma. Estamos sempre conectados à rede, seja pelo celular, “TV-esperta” (Smartv), um GPS no carro, pelo computador, em casa ou no trabalho. O tempo inteiro acessamos dados de emails, músicas, séries online, redes sociais, interagimos com pessoas que estão em outras cidades e países. Tudo de forma rápida e simples, na velocidade de um click. Não é preciso mais escrever cartas, ir ao correio, levar um mapa na bolsa, ir até a locadora de vídeo para escolher um filme para o fim de semana, comprar discos de música. Tudo é mais fácil e rápido.

Contudo, a informação virtual é virtual até certo ponto. Para acessar uma conta de email em qualquer computador no mundo, é preciso que todas as informações contidas no email estejam guardadas em algum lugar físico. Esse tipo de lugar, conhecido popularmente como “nuvem”, também é chamado de Data Center. São comuns na Califórnia, especificamente no Vale do Silício, onde estão as maiores empresas de tecnologia de informação do mundo, como a Microsoft, o Google e o Facebook. Mas empresas desse porte, que possuem usuários ao redor do mundo, também querem armazenar suas informações de forma mais global. Por isso existem Data Centers em diversos lugares do mundo oferecendo serviços para grandes empresas, mas também para quem quiser guardar informação de forma segura e com disponibilidade.

Esse serviço já é oferecido a partir de João Pessoa, na Paraíba, onde está sendo instalado um Data Center da empresa internacional HostDime. O investimento é de mais de R$ 50 milhões e irá abrigar informações de grandes empresas como Google, Netflix e Facebook. A estrutura da empresa americana será a melhor de todo o Norte e Nordeste e a 5ª melhor do país.

Para trazer uma infraestrutura deste porte para o Nordeste o grupo investiu também nas pessoas a frente deste grande desafio, trazendo do mercado o nosso entrevistado, o executivo Renan Hannouche, que veio do grupo América Móvil (Claro, Embratel e NET)

O que é o Data Center?
Traduzindo e colocando de forma simples, um Data Center é um centro de dados. Mas isso não explica muita coisa. Ainda de forma simples, porém mais próximo do nosso conhecimento, o Data Center é uma nuvem. A famosa nuvem, aquele espaço misterioso onde ficam armazenados os dados do seu smartphone, o seu perfil do Facebook, os seus emails, por aí vai. A Revista NORDESTE conversou com o diretor Comercial e de Soluções Digitais, Renan Hannouche, da HostDime, e ele explicou de forma mais técnica o que é e como funciona um data center.

“É uma infraestrutura de tecnologia que armazena os servidores, que são equipamentos, no dito popular, são super computadores. Os servidores são computadores preparados para serem acessados por múltiplos usuários, porque quando você tem computadores em casa, no escritório, é um infra estrutura preparada para uso pessoal. Quando você tem um servidor, imagina o seguinte. A Revista NORDESTE hoje tem um portal de notícias online e o site, e esses endereços precisam estar hospedados em algum lugar. Todo o conteúdo dos sites, as imagens, os vídeos, precisam estar em um servidor. Porque, uma vez armazenando, o servidor tem poder de processamento, de resposta, para que 100 mil usuários, 1 milhão, enfim, um volume gigantesco de usuários possa acessar o portal da Revista Nordeste, sem ficar fora do ar, sem ficar lento. Então servidores são esse tipo de infraestrutura e tecnologia, são supercomputadores”.

Esses supercomputadores precisam ficar bem guardados, afinal ali estão informações pessoais, muitas sigilosas, de milhões de pessoas. Por isso o Data Center é um local de alta segurança. O prédio possui uma sala de energia com grandes máquinas capacitadas para alimentar todos os servidores que existem na empresa. No caso da HostDime em João Pessoa, devem chegar a 4 mil servidores com a possibilidade de ampliar para 8 mil. A energia, evidente, vem da distribuidora de energia da cidade, mas a empresa não pode se garantir nisso.

Uma queda de energia faria com que milhões de dados de conteúdo ficassem fora do ar. Por isso o Data Center tem geradores que seguram a onda em caso de queda de energia, mas além disso, há todo um maquinário próprio que pode operar por até 10 dias independente do fornecimento de energia da cidade. Quer dizer, se por acaso João Pessoa passasse por um apagão total que durasse 10 dias, a HostDime ainda estaria operando normalmente, mantendo em funcionamento 4 mil computadores e um gigantesco ar condicionado, necessário para a manutenção da saúde física das máquinas.

Mas a segurança não é apenas para garantir que os dados continuem operando, mas também para impedir que qualquer pessoa, seja de má intenção, ou por falta de conhecimento, cause qualquer dano às máquinas. Não é só porque elas podem custar alguns milhões, mas porque a informação contida nelas pode ser ainda mais valiosa.

Para entrar na sala das máquinas é preciso ter um cartão de acesso e ainda se submeter a um reconhecimento facial e digital. Todo o prédio é vigiado por câmeras de segurança, por fora e por dentro. Todas as entradas precisam de chaves de acesso, para fazer uso do elevador é preciso uma senha. É como um banco. Na verdade é exatamente isso, mas ao invés de guardar dinheiro, se guarda informação.

Empresa Internacional
A HostDime foi fundada em 2001 e tem sede na Flórida, EUA. A empresa apresenta serviços de alta tecnologia e de fácil operação. Em 2006, a HostDime inaugurou sua primeira divisão internacional no Brasil. Hoje a HostDime está entre as 3 maiores empresas de data center no país. Esta inserida entre as 50 melhores do mundo de acordo com pesquisa de satisfação realizada através do site hostcount.com. Abrigando mais de 9000 servidores, e acima de 1.000.000 de domínios hospedados. A HostDime continua em processo de expansão global, com base em países, como Inglaterra, México, Holanda, Hong Kong, Colômbia, Índia, entre outros.

Disseminando informação para além do Nordeste
“Estrategicamente a HostDime escolheu a Paraíba porque ela corta o Nordeste no meio, tem 4 estados acima, e 4 abaixo. (A localização ajudará ao Data Center) a prover para os estados vizinhos, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe, e os demais, uma infraestrutura que não existia antes. Não existe nesses estados uma estrutura como essa. Hoje a gente consegue entregar dados em baixa latência, isto é até 10 milissegundos, para qualquer um dos nove estados do Nordeste”, explica o diretor Comercial, Renan Hannouche.

O diretor também deixou claro que o Data Center que vai funcionar na capital paraibana não é qualquer um. “O que a gente está trazendo para João Pessoa é um data center de nível chamado Tier 3. Esse tier, é uma certificação de Data Center, dado por um instituto americano. Custa uns 300 mil para tirar um certificado como esse. Só empresas especializadas conseguem esse certificado, Tier 1, 2, 3 e 4. Isso faz com que a empresa siga uma série de normas, arquitetura, projeto… em outras palavras, ser Tier 3 significa você ter disponibilidade e confiabilidade de segurança extremamente alto, na ordem de 99,982% de disponibilidade no ano. Isso significa que o Data Center vai ficar fora do ar, no máximo, 1 hora e meia por ano”.

A estrutura que será inaugurada em João Pessoa tem poucos equiparáveis no restante do país. “Desse nível, no Nordeste, existe mais um além desse nosso. Estamos falando de uma estrutura diferenciada, que no Brasil tem pouquíssimas, esse que está sendo inaugurado passa a ser o melhor do Norte e Nordeste e um dos cinco melhores do país”.

Hannouche explica ainda que o Data Center não é uma exclusividade para grandes empresas. Qualquer um pode fazer uso da estrutura. “Uma infraestrutura como essa é para qualquer tipo de público? Uma padaria poderia ser usuário dessa empresa? Sim, qualquer empresa pode ter soluções, que chamamos de soluções de computação em nuvem, um Data Center nada mais é do que a famosa nuvem. A gente trouxe um data center para o Nordeste porque existe uma carência muito grande disso”.

Certificado Tier
A Certificação TIER é uma certificação usada para mensurar o nível da infraestrutura de um local destinado ao funcionamento de um centro de processamento de dados (CPD). O Uptime Institute Professional Services é o único fornecedor de consulta e Certificações para o Sistema de Classificação Tier. Existem 4 níveis de Tier. Cada nível exige que o prédio disponha de certos equipamentos que garantam mais segurança para o funcionamento das máquinas. Abaixo alguns requisitos.

TIER 1. Infraestrutura do local básico garantindo disponibilidade 99,671%

TIER 2. Infraestrutura do local com componentes de capacidade redundante, garantindo a disponibilidade de 99,741%

TIER 3. Infraestrutura local paralelamente sustentável, garantindo a disponibilidade de 99,982%

TIER 4. Infraestrutura local tolerante a falhas, com instalações de armazenamento e distribuição de energia elétrica, garantindo a disponibilidade de 99,995%

Todo mundo quer ser digital
Com tudo conectado, cada vez mais empresas buscam soluções para não ficarem ultrapassadas. Empresas de telefonia, que cresceram muito nos anos 90 e 2000 agora precisam se reinventar. O celular não é mais um objeto com a finalidade de fazer ligações, com o aparelho conectado, telefonar ficou em segundo plano, ou até terceiro. Todas as empresas estão buscando um alinhamento com o futuro da informação. E a presença de um Data Center, sem dúvidas ajuda nisso.

Então, qual o benefício de ter um data center no Nordeste? Renan responde: “Dentro do nosso grupo, existe uma empresa de telecomunicações chamada Tely, essa empresa, junto com o HostDime, ela armazena o conteúdo do Netflix, do Google, do Facebook, isso quer dizer que dentro do nosso ambiente, fomos escolhidos para ser provedores dessas empresas gigantescas no ramo de tecnologia porque, quando você aloca em um Data Center Tier 3 você traz alta segurança e disponibilidade, alta eficiência, e eles precisam disso, empresas como essas não colocam seus dados em qualquer lugar, e como a gente também tem no grupo uma empresa de telecomunicações que é a Tely, é através da Tely que os usuários acessam a internet.

Quando você está na sua casa usando Facebook, ou vendo um filme no Netflix, na verdade você está acessando um conteúdo que está armazenado na HostDime, junto com a Tely. Quanto mais perto esse conteúdo está dos seus usuários finais, será mais rápido para carregar e melhor será a experiência dos usuários finais. Os usuários pessoas físicas, não tem uma tendência muito grande de serem nossos clientes, mas qualquer empresa pessoa jurídica, é cliente da gente, desde as gigantes, até pequenas como padarias”.

O Data Center dá a oportunidade da região se desenvolver na direção da tecnologia da informação incrementando o acesso e o armazenamento dos dados. Amplia a conectividade possibilitando um serviço estável, rápido, seguro e disponível. Garante um suporte mais próximo, compartilhamento de arquivos, interação com clientes, fornecedores e influenciadores, monitoramento do comportamento do mercado e identificação de tendências em tempo real, além de fomentar novos negócios. Claro que tudo isso já existia, mas o diferencial é que agora se torna mais próximo.

Números relevantes na WEB
O Brasil é o quinto maior mercado para negócios na internet do mundo a informação é de 2013 e consta de um relatório divulgado pela empresa americana de investimentos Kleiner Perkins Caufield & Byers (KPCB). Na frente do Brasil, estão só os mercados chinês, americano, japonês e indiano. O Brasil fechou 2015, segundo pesquisa do Comitê Gestor da Internet com 102 milhões de internautas, a informação foi divulgada em 2016 pela 11ª edição da pesquisa TIC Domicílios 2015, que mede a posse, o uso, o acesso e os hábitos da população brasileira em relação às tecnologias de informação e de comunicação. O estudo mostra que 58% da população brasileira usam a internet.

A proporção é 5% superior à registrada no levantamento de 2014. O número representa um crescimento de 12% em relação ao ano anterior e indica que quase 50% da população brasileira já está conectada. O Brasil também ficou com o quarto lugar no ranking dos países que passam mais tempo por dia usando seus aparelhos eletrônicos. O Brasil se destaca ainda por ser responsável por 40% da audiência de internet de toda América Latina, representado por mais de 68 milhões de visitantes únicos. Este resultado supera de longe o total do México (24,840 milhões), Argentina (17,981 milhões), Colômbia (12,604 milhões) e Venezuela (9, 226 milhões). O levantamento abordou ainda o mercado de smartphones no Brasil. Classificado como emergente, o país conta com 72 milhões de linhas conectando smartphones (segundo a Anatel, há um total de 274 milhões de linhas celulares no país).

Elas atendem cerca de 36% da população. Entre os países emergentes, o Brasil só fica atrás de China e Índia nesse quesito. Outro dado importante aponta para a propagada online. Pesquisa realizada pela IAB Brasil informa que o crescimento da publicidade online, o marketing digital movimentou cerca de R$ 9,5 bilhões em 2015.



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