Saúde

Reação grave por contraste ocorre em 0,1% dos casos, diz médico


02/02/2013

A taxa de reação grave ao uso de contraste em exames de ressonância magnética é de 0,1%, segundo o neuroradiologista Edson Amaro Júnior, médico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e professor da Faculdade de Medicina da USP.

Na segunda-feira (28), três pessoas morreram após passar por uma ressonância no Hospital Vera Cruz, em Campinas (SP). A Vigilância em Saúde local interditou o setor responsável e pretende investigar se o contraste – composto químico usado no procedimento – tem relação com os óbitos.

Outro caso envolvendo esse tipo de substância, em Guaratinguetá (SP), deixou um policial militar internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Frei Galvão. Segundo a instituição, na tarde de sexta-feira (1º) os sedativos do paciente haviam sido cortados e ele já respirava sem a ajuda de aparelhos.

“A reação grave ao gadolínio, elemento químico presente nesses contrastes, é extremamente rara – isso sem contar mortes, apenas alergias. E um problema conjunto não é um fenômeno conhecido, parece muito estranho e certamente precisa de investigação”, destaca.

Os contrastes são compostos desenvolvidos pela indústria farmacêutica para serem injetados na veia de pacientes antes de exames de imagem como ressonância magnética, tomografia computadorizada e ultrassom. Eles ajudam a diagnosticar doenças e lesões, ao tornar um órgão ou uma alteração mais visível. A necessidade do uso deles depende de uma avaliação médica prévia.

“Os produtos de hoje são mais inócuos e precisos. Além de causar menos problemas, têm uma melhor capacidade de mostrar o que se quer ver e a evolução disso”, diz Amaro Júnior.

Outros exames de imagem, como tomografias e raios X, podem usar contrastes à base de elementos como iodo e bário. Por essa razão, antes de fazer qualquer um desses procedimentos, a pessoa precisa responder a um questionário, em que se avalia a suscetibilidade dela a alergias.

“Todo exame tem riscos e benefícios. Indivíduos alérgicos podem ter mais contraindicações. Se o paciente for muito suscetível, pode até tomar uma medicação oral ou intravenosa um dia ou horas antes do contraste, para diminuir a sensibilidade”, afirma o neuroradiologista.

Na opinião do médico, deixar de fazer o contraste pode trazer mais prejuízos do que não usá-lo, pois sem ele um câncer pode deixar de ser diagnosticado, por exemplo.

De acordo com Amaro Júnior, as reações ao contraste geralmente são leves e aparecem em até 5 minutos após a injeção. Nas primeiras 24 horas, também pode acontecer alguma alteração, mas elas são mais comuns no início – principalmente se forem sérias. O que geralmente ocorre é uma urticária na pele, com vermelhidão e coceira em regiões como braço, pescoço e tórax.

“Já reações alérgicas moderadas incluem tontura, náusea e dificuldade para respirar. Em casos graves, a falta de ar vira incapacidade respiratória, aí é necessário intervir em minutos. Mas tudo isso pode ser prontamente revertido, com injeção de substâncias que anulam os efeitos do contraste (como adrenalina) e ventilação artificial”, explica.

Amaro Júnior também esclarece que a queimação no braço que muitas pessoas sentem assim que o contraste é injetado é normal, pois se trata do mecanismo de fluxo da substância pelo corpo, e não uma reação adversa.



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