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Polícia do Rio vai investigar crime de racismo em loja de carros

Racismo


28/01/2013

 A Polícia Civil do Rio de Janeiro decidiu abrir inquérito após denúncia de um casal de que o filho adotivo foi alvo de racismo, no último dia 12, em uma concessionária da BMW na Barra da Tijuca, na zona oeste da capital. A 16ª DP (Barra da Tijuca) abriu procedimento na quinta-feira passada (24) para apurar a conduta na loja de carros. Segundo a assessoria da Polícia Civil, agentes decidiram investigar o caso após tomarem conhecimento do fato por meio de imagens divulgadas por uma emissora de TV.

Também na semana passada, a Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos enviou ofício à Polícia Civil para solicitar a abertura de um inquérito policial para apurar as circunstâncias do caso denunciado pelo casal Ronald Munk e Priscilla Celeste, que acusa um funcionário da concessionária BMW de racismo contra o filho negro de sete anos.

A secretaria emitiu também uma nota de repúdio à intolerância e à ofensa aos direitos humanos, com base no comportamento discriminatório ocorrido nas dependências da concessionária.

Os pais adotivos da vítima criaram uma página no Facebook para denunciar o episódio. Na rede social, Priscilla relata que o vendedor expulsou o menino sem saber que o garoto era filho do casal. De acordo com a professora, o funcionário ainda se justificou ao marido dela dizendo “eles pedem dinheiro e incomodam os clientes”.

— Estávamos conversando com ele [o vendedor], quando nosso filho se aproximou de nós. O gerente voltou-se imediatamente para ele e, sem pestanejar, mandou que ele se retirasse da loja, dizendo que ali não era lugar para ele: "você não pode ficar aqui dentro. Aqui não é lugar para você. Saia da loja." Nosso filho ficou olhando para ele, sem compreender o que estava acontecendo.

Indignados, Priscila e Ronald enviaram um e-mail à concessionária para relatar o ocorrido. No texto, eles incluíram a transcrição da Lei Federal 7.716, que regulamenta os crimes de discriminação e preconceito racial. No entanto, segundo Priscilla, o pedido de desculpas só veio uma semana depois.

— Somente uma semana depois do ocorrido recebemos um e-mail do dono da concessionária, desculpando-se, qualificando a atitude de seu gerente como “mal-entendido” e justificando-a como reação natural de um funcionário que vê um menor desacompanhado em sua loja.

A resposta da concessionária revoltou o casal. Por isso, eles criaram a comunidade “Preconceito racial não é mal-entendido” no Facebook.

— O fato de o gerente de vendas não ter percebido que o menino era nosso filho e sua conclusão imediata de que um menino negro, aparentemente sozinho, dentro de uma concessionária BMW, seria um menor desacompanhado e sua atitude de colocá-lo para fora da loja não constituem, em hipótese alguma, um mal-entendido. Trata-se de preconceito de raça, sem qualquer possibilidade de outra interpretação.

O R7 procurou a concessionária da BMW, mas não obteve resposta.



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