Paraíba

Márcia Lucena conhece Planos reformistas de êxito em Medellín visando melhorar a gestão no Conde -PB


29/01/2019

Por Walter Santos / Portal WSCOM

EXCLUSIVO – O mês de janeiro termina com um fato internacional gerando nova conexão entre Medellín, na Colômbia, e o Conde, no estado da Paraiba/Brasil podendo resultar em expansão de políticas públicas capazes de levar a cidade paraibana a implantar diversas ações de resultado de gestão.

Foi o que admitiu em Entrevista Exclusiva ao Portal WSCOM, prefeita do Conde, Marcia Lucena, depois de alguns dias conhecendo as mudanças profundas ocorridas na cidade colombiana, hoje exemplo de gestão pública mas que antes abrigava a maior base do cartel do narcotráfico.

Eis a entrevista da dirigente, a seguir:

WSCOM – Qual o impacto ao conviver com Medellín (Colômbia) exemplo de cidade contemporânea, mas que já foi ambiente comandado pelo tráfico?

Márcia Lucena – De fato Medellín era conhecida mundialmente pelas ações de Pablo Escobar. Isso marcou a cidade. Mas do início dos anos 90 para cá a cidade deu um salto e saiu do lugar da cidade mais violenta do mundo para uma das cidades mais inovadoras e inclusivas. Poder ver isso de perto, estando nos lugares e conversando com os munícipes, assim como conhecendo o trabalho da prefeitura, nos faz acreditar que as políticas públicas bem aplicadas podem transformar não só os lugares, mas as pessoas.

WSCOM – Quais políticas públicas mais impressionam?

Márcia Lucena – Em Medellín, existe uma Secretaria de Participação Cidadã, esta política juntamente com a política de desenvolvimento territorial a meu ver transformaram a cidade. A decisão política aqui é construir equipamentos de alta qualidade arquitetônica para o desenvolvimento das ações de educação, arte, cultura e esporte, nos lugares mais pobres e mais violentos, e isso é feito juntamente com a participação popular. Esta participação não significa exatamente juntar pessoas para eventos ou reuniões em algum espaço, mas tem como foco aprofundar a consciência cidadã e elevar cada vez mais a qualidade dessa participação, desse modo, o povo de uma maneira geral se percebe co-responsável pelos equipamentos e pelos projetos desenvolvidos na cidade.

WSCOM – Qual o papel do Estado (governos) e a sociedade colombiana em si?

Márcia Lucena – Essa questão é muito aberta, pode ser interpretada por vários caminhos, mas me impressionou o amadurecimento político da população e dos seus dirigentes. Aqui muda-se o governo, com plataformas políticas diferenciadas, mas existe uma espécie de pacto de respeitar o que é essencial para a cidade, principalmente os projetos de longo prazo. Isso de certa forma educa a população. Se percebe claramente que existe uma cultura de cuidado muito enraizada na população. Isso compreende também a gestão pública, as pessoas entendem que o que é público é o que é o melhor, em consequência disso, mais de 80% da população paga os impostos, especialmente os impostos prediais (IPTU). Esse imposto aqui é muito alto, mas as pessoas pagam sem queixa, porquê vêm o desenvolvimento, a manutenção e a qualidade dos serviços prestados.

WSCOM – Como o Conde e Vossa Excelência chegaram a ser escolhidos nesse diálogo?

Márcia Lucena – Na verdade, eu é que escolhi Medellín. Há tempos que observo a cidade e me impressiona a sua forma de gestão, mas este ano o nosso Secretário de Planejamento foi selecionado para um curso com gestores urbanos da América Latina sobre Gestão da Valorização Imobiliária do Lincoln Institute and Land Policy. A partir daí aproveitamos a oportunidade para tentar um diálogo mais profundo, que iniciou com trocas de informações e experiências virtualmente e expandiu para a visita presencial em organismos-chave relacionados com o que temos em comum.

WSCOM – O que tudo isso implicará em políticas de inclusão no Conde?

Márcia Lucena – Creio que temos muito o que ganhar com essa relação que foi estabelecida entre Medellín e Conde, mas de cara fica claro que a qualidade da participação cidadã garante a efetividade de todas as outras políticas sociais, e em função disso vamos aprofundar a partir de videoconferências entre os técnicos do Conde e os técnicos de Medellín discussões sobre os instrumentos de controle da qualidade dessa participação, que aqui em Medellín é feito a quatro mãos: Prefeitura, Sociedade civil organizada, Iniciativa Privada e Universidade. Ficou acertado também um mergulho na política de comunicação, que costura, de forma muito determinante e eficiente, os projetos desenvolvidos pela prefeitura com os cidadãos. A ideia central é de que nada é feito a partir da lógica de quem está no comando político, mas da lógica do público. Participação cidadã aliada a uma comunicação bem feita garantem bons resultados. No Conde já estamos neste caminho, tanto o Orçamento Democrático, o Olá Comunidade, como a Lei de Gestão Compartilhada são instrumentos não só de escuta, mas de co-gestão da população, e este elo, guardado as nossas diferenças, nos aproxima.



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