Política

Leto detalha pagamento a Vitor Hugo e esquema de propinas para vereadores; prefeite nega e anuncia processo


29/04/2019

Leto Viana. Imagem: Reprodução

O conteúdo da confissão do ex-prefeito de Cabedelo, Leto Viana, ocorrida no dia 9 deste mês, mas revelada nesta segunda-feira (29), caiu como uma bomba no meio político local. O ex-gestor revelou com detalhes a atuação da suposta organização criminosa que envolveu a compra do mandato do seu antecessor Luceninha, e a participação do empresário Roberto Santiago na gestão municipal, bem como um forte esquema para o pagamento de propina a vereadores e até a um ex-deputado federal.  O prefeito Vitor Hugo nega.


Durante o depoimento, Leto Viana confessa que recebia pessoalmente quantias entre de R$ 1.000,00 a 4.500,00, de servidores nomeados na Prefeitura Municipal de Cabedelo com salários brutos de R$ 10.000,00 e líquidos R$ 7.700,00. Os valores eram destinados, segundo o ex-gestor, a um suposto pagamento extra de folha na sede do seu partido, o PRP.

Segundo Leto, um dos beneficiários com o dinheiro foi o atual prefeito Vitor Hugo (PRP), na época vereador do município, que passou a receber R$ 3.000,00 mensais e, após a ganhar a eleição para vereador, recebeu R$ 20.000,00 para aderir a sua base de sustentação. Outros vereadores que receberam propina foram Geusa Robeiro, com R$ 10.000,00, em parcela única, e mais R$ 6.000,00, divididos em duas vezes, para integrar a sua bancada; e Júnior Datele, com o equivalente a RS 2.000,00.

“QUE o atual prefeito Vitor Hugo, enquanto vereador, recebia mensalmente R$ 3.000,00 diretamente das mãos do interrogado; QUE o dinheiro era originário do desvio de salário dos servidores e era pago em dias de pagamento da folha, na sede do PRP ou na cada do interrogado; QUE quando Vítor Hugo ganhou a eleição para vereador, recebeu em mãos do interrogado R$ 20.000,00 para aderir à sua base de apoio na Câmara; QUE cada um dos vereadores da base de apoio do interrogado, indicaram um parente ou pessoa próxima para ser nomeada num cargo com salário de R$ 5.000,00, para aderir/permanecer na base de apoio parlamentar do interrogado enquanto prefeito. QUE a Vereadora Geusa Ribeiro recebeu em parcela única o valor de R$ 10.000,00 das mãos do interrogado, para aderir a base da situação, bem como, o valor de R$ 6.000,00 divididos em duas vezes; Que confirma que o vereador Júnior Datele recebia RS 2.000,00 divididos em duas vezes”, diz trecho do interrogatório.

VITOR HUGO NEGA ACUSAÇÃO

*NOTA DE ESCLARECIMENTO*

O prefeito de Cabedelo Vitor Hugo vem a público esclarecer a sua posição diante do último relatório da Polícia Federal sobre a Operação Xeque Mate.

Vitor Hugo deixa claro que todos os fatos são baseados em uma confissão criminosa feita por Leto Viana com o intuito de prejudicá-lo politicamente, em uma retaliação a tudo que foi feito para combater os atos de corrupção do ex-prefeito no Executivo Municipal.

Vitor Hugo também afirma que nada vai mudar na gestão da cidade portuária e que prepara as medidas judiciais cabíveis contra o ex-prefeito Leto Viana, já que a confissão desprovida de qualquer prova não pode servir como base para a ação penal.

 

LEIA MAIS: Xeque-Mate: Leto Viana confessa compra do mandato de Luceninha e como funcionava a organização criminosa em Cabedelo; confira o depoimento na íntegra

 

ACUSAÇÃO CRIMINOSA

Em resposta, o atual prefeito Vitor Hugo negou o recebimento de propina na gestão Leto Viana e reagiu afirmando que o ex-prefeito agiu com retaliação ao seu mandato e com o intuito de prejudicá-lo politicamente. “Indiciamento este ocorrido por causa de uma confissão criminosa do ex-prefeito Leto Viana, onde ele confessa crimes. Claramente, uma retaliação a tudo que fiz para combater seus atos de corrupção na Prefeitura de Cabedelo”, defendeu-se.

MAIS PROPINA

O ex-prefeito ainda revelou que recebeu em mãos propina com a quantia total de 320.000,00 de grupo empresarial contemplado com contratos com a Prefeitura de Cabedelo, e que teria utilizado o dinheiro em sua campanha à reeleição em 2016. Leto Viana esclareceu ainda suposta engenharia financeira realizadau para liberar o pagamento de R$ 100.000,00 ao então deputado federal André Amaral, como contrapartida pela liberação de uma emenda para a saúde do município.

“QUE o grupo de empresas de Aldênio e Calou (ALMED, etc.), contemplado com diversas ARPs da Prefeitura de Cabedelo/PB, chegou a pagar propina em duas oportunidades para o interrogado: uma de R$ 200.000,00 em 2016 e outra de R$ 120.000,00 no mesmo ano; QUE esses valores foram usados em sua campanha eleitoral; QUE ainda em relação à saúde municipal, informa que o então deputado federal André Amaral conseguiu uma emenda destinada à saúde de Cabedelo/PB e queria, em contrapartida, um valor a título de propina; QUE a forma encontrada para satisfazer o então deputado federal foi mediante o pagamento de uma dívida que a Prefeitura de Cabedelo tinha com a empresa FORT, no valor de R$ 350.000,00; QUE após receber parte da dívida; Marcos da Fort repassou para o interrogado R$ 100.000,00, os quais foram entregues ao pai do então deputado federal”, revela.

ESQUEMA NA CÂMARA MUNICIPAL

Leto Viana ainda detalhou como ocorreu o pagamento de propina na Câmara Municipal de Cabedelo. Sem revelar valores, ele cita o caso envolvendo a empresa Projecta, ao revelar os pagamentos extras aos vereadores Júnior Datele, Arthur Cunha Lima Filho, Rosivando Viana, José Eudes, Lucas Santino, José Pereira, Fernando Sobrinho e Graça Rezende.


O ex-prefeito revela ainda o pagamento de propinas por parte do empresário Roberto Santiago, em duas ocasiões, a vereadores do município, para tentar impedir politicamente a construção do Shopping Pátio Intermares, em Cabedelo.


“QUE em relação ao caso PROJECTA, informa que receberam propina os seguintes vereadores: Júnior Datele, Arthur Cunha Lima Filho, Rosivando Viana, José Eudes, Lucas Santino, José Pereira, Fernando Sobrinho e Graça Rezende; QUE confirma a distribuição de propina, por Roberto Santiago, em duas oportunidades distintas, para vereadores de Cabedelo com o objetivo de que estes impedissem a construção do Shopping Pátio Intermares; QUE a primeira distribuição ocorreu no ano de 2012, tendo como beneficiários os então vereadores Ricardo Félix (R$ 70.000,00), Lucas Santino (70.000,00), Jonas Pequeno (R$ 70.000,00), Benerval Severo (R$ 10.000,00) e Luiz Henrique Cavalcante (R$ 10.000,00); QUE a segunda distribuição ocorreu em 2014, tendo como beneficiários os então vereadores Rosivandro Viana (R$ 200.000,00), Lucas Santino (R$ 200.000,00), Moacir Dantas (R$ R$ 200.000,00), Márcio Beerra (R$ 50.000,00), Belmiro Mamede (R$ 50.000,00) e Graça Rezende (R$ 50.000,00)”, diz.

Confira o depoimento na íntegra:


Por Redação
Portal WSCOM



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