Gonzaga Rodrigues homologa candidatura de Germano Romero em parecer consagrador


28/05/2019

O processo eleitoral na Academia Paraibana de Letras na vaga deixada pelo imortal Carlos Romero, a APL registrou nos últimos dias a apresentação de pareceres de acadêmicos homologando as candidaturas de Germano Romero ( Gonzaga Rodrigues), Ney Suassuna ( Ramalho Leite) e Roberto Cavalcanti (Itapuan Botto Targino).

O portal WSCOM teve acesso ao parecer do acadêmico Gonzaga Rodrigues considerando “ o elevado perfil de humanismo que há nas crônicas de Germano Romero” .

Ele observa que “ na hipótese de que Germano seja bem-sucedido, manterá viva a imagem virtuosa do pai, Carlos Romero, o acadêmico perfeito, tão fiel a esta Casa como ao seu código moral e a sua religião”.

Eis, a seguir, o parecer na íntegra:

PARECER

“Entre os pleiteantes da Cadeira 27, consagrada ao inventor Padre Azevedo e tendo como fundador o médico-escritor Lauro Neiva, vaga, este ano, com o falecimento do cronista Carlos Romero, inscreve-se, dentro do prazo, o arquiteto e também cronista Germano Romero.
Instruem o pedido, além da seleta de crônicas reunidas em Bazar de Sonhos, livro editado há oito anos, expressivo acervo de páginas que marcam a constância de sua presença peculiar na crônica literária, gênero que tem se caracterizado, historicamente, como singularidade do jornalismo pessoense.

Foi de cronistas a maioria dos fundadores, e assim vem sendo na sucessão dos seus quadros, a crônica, não raro, como passaporte literário de historiadores e de militantes do magistério, do Forum, das ciências e das artes.

Escrevendo há quinze anos em nossos principais jornais e em revistas locais e de fora, Germano Romero registra, em documento que justifica o pedido de inscrição, uma produção “entre 2002 e 2019, de 1.170 textos criados sob diversos temas e formas (…) recebendo ao longo desses anos manifestações de leitores que muito me estimulam”- confessa.

“É o cronista que tem o dom especial de despertar o leitor para os milagres da vida, para a possibilidade de um estado de graça permanente na comunhão do homem com a natureza, inclusive humana” – assim a escritora Ângela Bezerra de Castro o apresenta no lançamento, em 2011, de Bazar de Sonhos, longe o bastante para ser vista como edição adrede preparada para a presente circunstância. / A professora e crítica literária é minudente em sua interpretação voltada para o espírito dessa crônica humanista: “Elege como valores supremos os sonhos de “ter paz”, “de ter amigos”, “de ter fé”, “de ser grato à vida e “de ser feliz” “- é a análise da mestra exigentíssima, avessa ao elogio fácil ou de ocasião.

Não vejo como pensar diferente. Acho mesmo que a circunstância de o arquiteto, o bacharel de música, o homem de bom gosto e de maiores voos ter alcançado a linguagem ou estilo da cônica não é tudo – muitos o conseguem – o que o distingue é a mensagem, a sequência de valores destacada por Ângela, espécie de humanismo novo numa hora em que os obcecantes valores da tecnologia capitalista sugaram o homem para a completa alienação dos valores recriados, numa crise semelhante, pelo Renascimento, consagrados pelas religiões, pela história e pelas filosofias de sentido moral e político.

Na ambição de erguer andares imposta pela concorrência capitalista, permeia alguém que dá trégua à prancheta para se fixar no pólen que o milagre de equilíbrio de um beija-flor consegue garantir para a vida do universo.

Não há como não deferir a sua inscrição, na expectativa, até na certeza, de que o postulante, se bem sucedido, possa manter viva a imagem virtuosa do pai, Carlos Augusto Romero, o acadêmico perfeito, tão fiel a esta Casa como ao seu código moral e a sua religião.

É o meu parecer. “

Luiz Gonzaga Rodrigues



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