Internacional

Egito: Violência dois anos após revolução

Protestos


25/01/2013

 O segundo aniversário do levante que tirou do poder o presidente Hosni Mubarak, no Egito, foi marcado por violência nesta sexta-feira.

Em todo o país, ativistas de oposição realizaram protestos em massa pedindo mais reformas políticas e econômicas. Desde quinta-feira, mais de cem pessoas ficaram feridas em confrontos em todo o país.

Os manifestantes acusam o presidente Mohammed Morsi de trair a revolução. A oposição liberal acusa o governo de ser autocrático e ter concebido uma nova Constituição que não protege adequadamente a liberdade de expressão ou de religião.

O presidente rejeita as críticas e pediu calma e o fim dos confrontos.

Gás lacrimogêneo

No Cairo, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes opositores de Morsi que tentavam romper barreiras de arame farpado em volta do palácio presidencial.

A Praça Tahrir, na capital egípcia, palco dos primeiros protestos que levaram à queda do antigo regime, foi tomada por milhares de manifestantes.

Na noite de quinta-feira, manifestantes tentaram destruir uma das várias barreiras de concreto que desde novembro passado bloqueiam as ruas que ligam a Praça Tahrir a prédios do governo e embaixadas estrangeiras nas proximidades.

No entanto, uma nova barreira foi erguida para bloquear a entrada de prédios do governo.

Nesta sexta-feira, os confrontos continuaram. Uma TV local mostrou imagens de choques em frente ao Ministério do Interior.

Em Ismailia, manifestantes atearam fogo à sede do partido Irmandade Muçulmana.

Também foram registrados confrontos em Alexandria e Suez.

Sonhos frustrados

Segundo o correspondente da BBC no Cairo Aleem Maqbool, muitos manifestantes compareceram ao local, mas a violência à tarde (hora de Brasília) se restringia a um canto da praça, onde adolescentes estão jogando pedras contra o prédio do Parlamento.

Maqbool observa que os manifestantes estão entoando contra Morsi as mesmas palavras usadas dois anos atrás contra Mubarak.

Ativistas instalaram postos de controle improvisados na praça para verificar a identidade de quem quiser passar.
Também foi organizada uma exposição de fotografias dos mortos nos diversos protestos realizados nos últimos dois anos no Egito.

"Eu votei em Morsi porque não queria ver alguém do antigo regime no poder novamente. Mas ele não cumpriu suas promessas. A economia está destruída", disse à BBC um manifestante chamado Hany.

"Estou aqui para pressionar o governo a realizar uma verdadeira reforma."

"Nós estamos protelando contra o fato de que, depois de dois anos da revolução, onde pedimos por pão, liberdade e justiça social, nenhum de nossos sonhos se tornou realidade", disse outro manifestante à BBC.



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