Esporte

Demitido do Fluminense, Fernando Diniz dá adeus e diz que clube não será rebaixado


19/08/2019

Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

O adeus de Fernando Diniz ao Fluminense foi em uma entrevista coletiva repleta de agradecimentos. Torcedores, jogadores, dirigentes da atual e da gestão anterior foram lembrados mais de uma vez durante os 35 minutos de conversa na tarde desta segunda-feira. Mas houve uma ausência nas declarações do agora ex-treinador: Celso Barros.

Ao criticar o vice-geral, homem responsável pelo futebol tricolor, Diniz deixou claro que sabia não agradá-lo. Questionado por qual motivo não citou o ex-presidente da antiga patrocinadora do clube, respondeu exaltando o bom relacionamento com Pedro Abad (antigo presidente), Fabiano Camargo (antigo vice de futebol) e Mário Bittencourt (atual mandatário):

– Eu agradeço às pessoas que merecem serem agradecidas. E são essas três, Abad, Fabiano e Mário. Ontem (domingo) eu tive uma conversa muito profunda com o Mário, um amigo que eu fiz. Assim como os outros dois. Eu não acho que (a coletiva de Celso) afetou o desempenho pois os jogadores são muito maiores do que aquele tipo de entrevista. Os jogadores são muito grandes. A gente criou as chances de gol, o time não jogou mal. As coisas aconteceram pois tinham que acontecer e vamos conseguir explicar melhor com o passar do tempo.

Celso, na terça-feira, deu entrevista cobrando resultados. Na ocasião, o Flu estava perto da zona do rebaixamento do Brasileirão. Entrou no grupo dos quatro últimos após perder para o CSA, domingo, resultado que determinou a demissão de Diniz.

– Ele não atrapalhou o meu trabalho. Isso só acontece quando o jogador é afetado por algo negativo de fora. Isso não aconteceu. A gente cresceu. Ganhamos do Peñarol, tivemos desempenho contra o Inter de Porto Alegre. Tivemos infelicidade no domingo. Agora, as declarações dele deixaram nas entrelinhas que talvez fosse desejo dele que o trabalho deveria ser interrompido. Mas quem tem de responder é ele. Eu procuro focar em quem remava junto. Mário Bittencourt remou junto. Pagou em 60 dias três meses de salário. É um cara que deseja melhorar as condições do clube, não tem vaidade pessoal. Torço para que dê certo. Não saio magoado com Celso. Absolutamente. Só fico magoado com quem eu gosto e com quem gosta de mim. Então, não sinto nada. Absolutamente nada.

Diniz foi contratado em dezembro de 2018, ao fim da última temporada. Ele comandou o Flu em 44 jogos: venceu 18, empatou 11 e perdeu 15. Neste ano, o Tricolor marcou 71 gols e sofreu 48, tendo 49,2% de aproveitamento. Marcão, então auxiliar técnico, é o interino e deve comandar o Tricolor na quinta contra o Corinthians, em São Paulo, no jogo de ida das quartas de final da Sul-Americana.

Outros trechos

Como soube da decisão da demissão?

Eu fiquei sabendo hoje pela manhã, apenas fui comunicado. Tomei café da manhã com Mário e Angioni. Recebi com muita tristeza. Acredito que o trabalho iria gerar frutos melhores do que o resultado no Brasileiro. Eu esperava os dois cenários. Não sou ingênuo de achar que não tinha risco de demissão, mas achava que tinha tempo para passar na Sul-Americana e recuperar no Brasileiro.

Cogita mudar algo no seu trabalho?

Raciocinar o que dá errado é o que faço todos os dias da minha vida. Quanto mais eu penso, mais convicção tenho de que estou certo. A minha vida não é um número. Se assim o fosse, a gente poderia falar que formamos um time com desconhecidos e questionados. Hoje entrego o Fluminense admirado pela torcida, com três que seriam chamados para a seleção olímpica pois além do Allan o Nino e Caio Henrique seriam chamados. Tem ainda o Matheus Ferraz, o Luciano e Everaldo, que saíram, João Pedro e Marcos Paulo… ninguém apostava que seria para esse ano. Hoje são profissionais, jogam de igual para igual. Teve o lançamento do Miguel, um jogador de 16 anos que é capaz de estar no profissional. Tem ainda a recuperação do Ganso.

Relação com o grupo

“Sou grato aos jogadores, tivemos uma relação intensa. Eles têm condições de jogar futebol. Talvez a minha saída diminua a pressão. Acredito que o time vai decolar no Brasileiro e passar na Sul-Americana”.

Torcida

“Sou péssimo em fazer média, então isso vem do fundo do coração: sou muito grato à torcida do Fluminense. Soube acolher o time e acreditou no trabalho”.

Clube se precipitou?

É difícil. Quero agradecer ao Abad e o Fabiano, da gestão passada. E ao Mário, um jovem que trabalha incessantemente para que as coisas melhorem. Saio daqui com carinho por eles. Eu acredito que a gente ia melhorar, mas não sou eu que decido.

Queda de técnicos

“É uma das coisas que atrasa, sim. Achar que se fizer as coisas de qualquer jeito vão ganhar… Os quatros rebaixados no ano passado jogaram de uma maneira completamente diferente da que eu jogo”.

Legado

“Deixo um time harmonioso, que trabalhou muito. E a gente trabalha muito e machuca muito pouco, o que é importante. A tática é um subproduto, não é o produto principal. O importante é a harmonia, os jogadores serem acreditados”.

Interino

“O Marcão é querido por todos os jogadores. O Fluminense tem profissionais que têm boa gestão com os jogadores. Eles têm como seguir com esse trabalho até a diretoria escolher o novo treinador”.

Globo Esporte



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