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Cigano rebate acusações sobre venda de luta no UFC: “Só se eu fosse maluco”

UFC


25/01/2013

 O final de 2012 foi um verdadeiro turbilhão de emoções para Júnior “Cigano”. Derrotado pela primeira vez no octógono, o que lhe custou o cinturão dos pesos-pesados, o catarinense também se separou de Vilsana Picolli, com quem era casado desde 2003.

Como se não bastassem os dois duros golpes, Cigano ainda foi alvo de fortes críticas na internet durante e, principalmente, nas horas seguintes ao duelo contra Cain Velasquez, no dia 29 de dezembro. A insistente guarda baixa e a impensável possibilidade de ter vendido a luta foram as principais temáticas, que fizeram o pacato lutador bradar fora de seu estilo.

— Esses comentários me deixam triste, principalmente porque são de brasileiros. Lá fora o pessoal me trata muito bem. Surgiram comentários de que eu vendi a luta, mas só se eu fosse maluco. Ganho seis ou sete vezes mais como campeão. Que dinheiro no mundo me pagaria isso? São fundamentos sem sentido.

Em entrevista exclusiva para o R7, Cigano, que aproveita o fim de férias no litoral paulista ao lado da ex-mulher, que segue responsável por gerenciar boa parte de sua carreira, aproveitou para espantar de vez qualquer rumor de que a separação poderia ter influenciado negativamente o resultado do confronto.

— Criaram uma polêmica sobre isso, mas não é nada demais. Vilsana é a pessoa que eu mais confio na minha vida, mas não somos mais casados. Ela é a pessoa que cuida de muitas coisas do meu interesse, e vai ser sempre assim. Confio e admiro muito, o nosso amor apenas mudou.

Confira a entrevista exclusiva:

Como foi a recepção dos fãs após o seu retorno ao Brasil?
Foi excelente, uma verdadeira surpresa. Quando cheguei em Salvador tinha mais gente do que quando eu ganhei o cinturão. Fiquei muito feliz com o carinho, estou me sentindo muito bem. Agora, estou no litoral paulista e as pessoas batem foto e dizem que vou voltar a ser campeão, e demonstram respeito. Isso vai me ajudar, sem dúvida.

Você ainda está de férias. Quando retorna aos treinos?
Fiz exames e o médico lá nos EUA pediu para eu segurar um pouco o retorno aos treinos, pois tive uma quebra muscular muito grande, o que elevou o nível de creatinina e afetou os meus rins. É melhor deixar o corpo se reajustar antes de voltar aos treinos. Mas não estou parado. Faço palestras e coisas que a minha profissão permite. Estou bem tranquilo.

Essa quebra muscular e o aumento de creatinina… Isso significa overtraining (excesso de treino)?
Sim, foi isso mesmo. O médico me disse que isso poderia ter acontecido ainda antes da luta, foi uma quebra de músculo que ficou no sangue e na urina. Não só eu passei da cota de treinos como sofri muitos golpes que elevaram esse nível, o que tira um pouco de atenção do atleta. Mas isso não é desculpa. Cabe a mim reverter e aprender com o que aconteceu,. O Cain foi melhor do que eu, não tem desculpas. É apenas uma explicação médica.

Se houve um overtraining, é possível dizer que houve um erro. Esse erro foi seu ou da sua equipe?
Houve um erro de todos, não apenas meu. É difícil detectar. Passou por todos da equipe. Lembro que quando faltavam duas semanas eu não me sentia motivado como sempre para os sparings. Os treinos começaram um pouco antes do que de costume. O problema é que faço treinos muito fortes, com seis sparings diferentes, e não detectei.

Você já reviu a luta com o Velasquez? Qual foi a sensação?
Revi em Las Vegas. Ele foi melhor, sem dúvida. Não tenho problema em assumir a derrota, mas o que me machuca foi ver que não lutei, não fiz o que faço normalmente e não usei minhas habilidades. Tem coisas que aconteceram ali que são normais na academia, mas ali, por um motivo ou outro, eu não reagi como deveria. O que me frustra é o fato de eu não ter lutado. Em uma situação normal, eu sei, e ele tem consciência, que o resultado seria diferente. Pelo menos não seria uma decisão unânime.

Você foi muito bem recebido no Brasil, mas durante a luta foi criticado na internet. Isso lhe afeta? Você chegou a ler os comentários?
Esses comentários me deixam triste, principalmente porque são de brasileiros. Lá fora o pessoal me trata muito bem. Surgiram comentários de que eu vendi a luta, mas só se eu fosse maluco. Ganho seis ou sete vezes mais como campeão. Que dinheiro no mundo me pagaria isso? São fundamentos sem sentido. Tenho respeito por mim, meus fãs e pela minha carreira. É muito difícil chegar e, principalmente, me manter entre os melhores. Fico triste, mas não dou atenção, de verdade. Foco nas coisas boas como o carinho que as pessoas têm por mim.

Essa parceria com o Corinthians vai te fazer ficar mais tempo em São Paulo? Pensa em morar em definitivo na cidade?
Vou ficar mais em São Paulo, sim. Estou em Riviera, no litoral, onde não conhecia. Vou ficar em São Paulo o máximo que eu puder. Gosto muito daqui e, com certeza, vou passar mais tempo aqui. Mas me mudar fica difícil. Minha base e as pessoas em quem eu confio moram lá em Salvador. Então, acho difícil.

O número de ferimentos que você teve no rosto lhe abalou após a luta? Você já tinha se machucado tanto?
Já me feri pior nos treinos. Na verdade, não me feri, apenas fiquei inchado, não tive lesão. Na academia, quando tomo um soco mais forte, já fica inchado. Na luta eu tomei mais de 200 socos na cara, foi normal inchar [risos]. Ele me bateu por cinco rounds, mas não foi o suficiente para acabar comigo.

Para terminar, nos últimos dias muito se falou sobre o término do seu casamento. Isso atrapalhou o seu rendimento na luta?
Isso não atrapalhou em nada, porque já fazia um tempo que estávamos assim. Criaram uma polêmica sobre isso, mas não é nada demais. Vilsana é a pessoa que eu mais confio na minha vida, mas não somos mais casados. Ela é a pessoa que cuida de muitas coisas do meu interesse, e vai ser sempre assim. Confio e admiro muito, o nosso amor apenas mudou. Ela é incrível e me faz muito bem. Ela não é problema, é a solução de muitos dos meus problemas.



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