Brasil

Buscas por desaparecidos na Muzema entram no segundo dia, com 7 mortos e 10 feridos

Ao menos 13 pessoas ainda eram consideradas desaparecidas; prédios vizinhos aos que desabaram foram interditados e evacuados.


13/04/2019

Vista aérea dos escombros dos prédios que desabaram na Muzema, Zona Oeste do Rio de Janeiro — Foto: AP Photo/Renato Spyrro

As buscas por desaparecidos na tragédia da Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio, entram no segundo dia neste sábado (13). Ao menos 17 pessoas são consideradas desaparecidas no local onde dois prédios desmoronaram no início do dia anterior.

Pela manhã, uma equipe de mais 30 bombeiros chegou ao local para reforçar os trabalhos. Cães farejadores auxiliam nas buscas. Ao todo, o resgate conta com mais de 100 militares, cães farejadores, drone, helicópteros, ambulâncias e viaturas de recolhimento de cadáveres.

Por volta das 10h, o Corpo de Bombeiros atualizou a lista de vítimas resgatadas e de desaparecidos. Segundo a corporação, 15 pessoas foram retiradas dos escombros, das quais cinco já estavam mortas. Das dez que foram resgatadas com vida, duas morreram em hospitais da cidade. Com isso, chegava a sete o número de mortos na tragédia.

DESAPARECIDOS

Até o fim da noite de sexta, os bombeiros consideravam haver ainda ao menos 12 desaparecidos. Nesta manhã, a lista foi revista e as equipes creem que há 17 pessoas ainda em meio aos escombros.

A última morte confirmada foi a de Hilton Guilherme Sodré de Souza, de 13 anos. Ele foi retirado com vida dos escombros após mais de 15 horas soterrado. Os pais dele, Hilton Berto Rodrigues Souza e Maria de Nazaré Sá Sodré, estão entre os desaparecidos.

Com fratura em uma das pernas e ferimentos no rosto, mas consciente, o garoto deixou o local de ambulância e foi levado para o Hospital Miguel Couto, na Gávea. Ele morreu pela manhã, enquanto era submetido a uma cirurgia.

Construções irregulares

Os imóveis tinham cinco andares. A Prefeitura do Rio informou que as construções são irregulares e chegaram a ser interditadas duas vezes (em novembro de 2018 e em fevereiro deste ano).

Das dez pessoas resgatadas com vida, ao menos duas foram levadas de helicóptero ao hospital. Como a região é de difícil acesso, os bombeiros tiveram de fazer uma operação especial para tirar as vítimas sem pousar em nenhum lugar.

O helicóptero ficou pouco mais de um minuto acima de um prédio, mas sem encostar na laje, que não suportaria o peso. Rapidamente, o ferido foi colocado dentro da aeronave.

Uma menina de 4 anos que morava no terceiro andar de um dos prédios saiu do local apenas com ferimentos leves. Os pais e os irmãos dela continuam desaparecidos.

Local arrasado pela chuva

O desabamento aconteceu por volta das 7h desta sexta. Não chovia no momento, mas a região sofreu com os temporais desta semana. As avenidas de acesso ainda estão alagadas.

A área onde ocorreu o acidente foi isolada, e os bombeiros disseram que outros prédios da região podem ir abaixo. No início da manhã, havia um forte cheiro de gás nas imediações.

Segundo o repórter Genilson Araújo, há cerca de 60 prédios em construção na região, que é dominada por milícias.

Reportagem do RJ2 mostrou que criminosos atuam na construção e venda de imóveis irregulares.

Processos

A Procuradoria Geral do Município diz que tem 4 processos de demolição de outros prédios naquela região, mas não puderam ser cumpridos por causa de decisões da Justiça .

Na quarta-feira, o Tribunal de Justiça confirmou uma liminar que impedia a demolição de um outro prédio na mesma comunidade onde houve o desabamento.

Na decisão, a desembargadora Marília de Castro Neves Vieira afirmou que “a fiscalização do município sequer percebeu a construção do edifício, em rua principal daquela localidade”.


Por G1



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