Cinema

‘8 mulheres e 1 segredo’ diverte, mas se perde em estereótipos

Versão feminina da franquia é cheia de estereótipos como filme de 2001, mas perde com furos e decisões fáceis. Elenco liderado por Sandra Bullock, Cate Blanchett e Rihanna carrega trama nas costas


07/06/2018

Helena Bonham Carter chora por uma decepção profissional, embaixo de uma mesa e abraçada a um pote de Nutella. Duas outras mulheres tentam consolá-la. A cena não está numa comédia romântica, mas em “Oito mulheres e um segredo”, que chega nesta quinta-feira (7) aos cinemas.

Em meio à escalada feminista em Hollywood, a versão feminina da franquia estrelada por George Clooney poderia ter se esforçado mais para evitar velhos clichês das histórias com mulheres.

Não que eles não possam ser divertidos. Filmes como “O diabo veste prada” (2006) e a saga de Bridget Jones estão aí para provar que um bom estereótipo pode ser irresistível.

Com isso em mente, é possível aproveitar duas horas de boas risadas e contemplação a Sandra Bullock, Cate Blanchett, Rihanna, Anne Hathaway, Bonham Carter, Sarah Paulson e as menos conhecidas, mas igualmente brilhantes Mindy Kaling e Awkwafina (que também é rapper).

Dos ternos caros aos cosméticos

Bullock é Debbie Ocean, irmã de Daniel, antigo personagem de Clooney – não, ele não aparece na nova história.

Em cinco anos na cadeia, ela arquiteta um plano para roubar um colar de US$ 150 milhões em meio ao Baile de Gala do Met, evento que anualmente reúne famosos em Nova York. Outras sete golpistas são convocadas para ajudar.

Toda a ação se desenrola num ambiente de joias, vestidos, revistas de moda, cosméticos e outros elementos geralmente associados ao universo feminino. No Met, o tal colar desfila no pescoço de Daphne Kluger (Hathaway), o perfeito lugar-comum da celebridade fútil.

Há ainda o desejo de vingança de Debbie contra um homem que machucou seu coração, papel acessório de Richard Armitage.

É claro que “Onze homens e um segredo”, de 2001, também não é um grandessíssimo exemplo de originalidade, com sua trama transbordando testosterona e ternos caros, herdada do filme original, de 1960.

Mas Steven Soderbergh, responsável pela versão masculina, explora o estilo batido com muito mais perspicácia. Gary Ross (“Jogos vorazes”) conduz a continuação com decisões fáceis e uma narrativa mais farta de furos que de momentos surpreendentes.

O fato de ser um homem na direção e no roteiro (com a colaboração de Olivia Milch) em um filme estrelado por um monte de mulheres também não ajuda.

No fim das contas, são elas que carregam a trama nas costas, em um elenco entrosado e carismático. Se no crime, como teoriza Debbie, mulheres têm vantagem por geralmente não serem notadas, no cinema pode – e deve – ser bem diferente.

G1



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //