Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Geral

Brasil 2017: Pior é (im)possível


30/12/2016

Foto: autor desconhecido.

Não é fácil saber o que será do Brasil em 2017: avançará rumo ao caos econômico social e político? manterá o nível de involução do ano anterior? entrará numa nova fase de prosperidade, com o fim dos recentes absurdos políticos e instabilidade institucional que o levaram à ruína econômica?

A situação política tende a continuar preocupante. O TSE pode cassar o atual presidente da República e levar a uma eleição presidencial indireta pelo Congresso Nacional. Mas há chance de uma Emenda Constitucional fazer essa eleição ser direta. O governo Temer pode se manter, mas cada vez mais fraco e comandado pelo Parlamento.

Economicamente, não se descarta a possibilidade de mais um ano de recessão e desemprego crescente. Este é o quadro compatível com a repetição dos desatinos e desarmonia político-institucionais típicos de 2016. De um modo geral, a economia continuará refém da miséria política nacional.

O cenário estritamente econômico do Brasil é razoável. São factíveis quedas expressivas das taxas de inflação e juros. Isso é essencial à recuperação, ao facilitar o uso da alta capacidade produtiva ociosa, principalmente na indústria. Assim, a economia reforçará sua fase cíclica natural ascendente de reposição de investimentos e estoques.

Isso não acontecerá automaticamente, tem que haver motivação das empresas privadas a investir. O que dependerá muito dos riscos, incertezas e confiança vinculados ao sistema político-institucional do país. O governo federal, preso à sua política de teto de despesas, terá atuação direta modestíssima na retomada do crescimento econômico.

Na visão mais otimista, ao final de 2017, o PIB brasileiro terá crescido 2%, a inflação caído para 4,8%, a taxa básica de juros para 9,5% e o desemprego para 9,8%. Esse ainda baixo desempenho terá muito a ver com o deficit de Estado e sistema de representação política, quanto aos seus papeis na realização das aspirações da sociedade.

O mais provável é que o Brasil político e institucional de 2017 seja o mesmo dos últimos anos, ligeiramente melhorado. Desse modo, não há como realizar o máximo de recuperação econômica possível. Nessa concepção realista, o PIB deve crescer 1%, com inflação de 5%, taxa básica de juros 10% e desemprego de 10,5%.

Mas, se em 2017 aumentar o descaso com vista à solução dos graves problemas nacionais, a instabilidade, incerteza e desconfiança dos investidores e consumidores criarão resultados desastrosos. O PIB cairá de 1% a 2%, com inflação de 5%, taxa básica de juros de 11% e desemprego de 14%.

Nesse cenário catastrófico, o deficit público explodiria com as finanças federais, estaduais e municipais inviabilizadas. Estaríamos assim no pior dos mundos, em meio a uma imensa crise econômico-financeira das empresas, indivíduos, famílias e governos. Seria muito difícil evitar convulsões sociais de sérias consequências imprevisíveis.
 


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